sábado, 27 de setembro de 2008
sensações
Essa semana me flagrei numa mania horrível: agora ando pelas ruas olhando para as sarjetas, na esperança de achar, serelepe e distraído, um bolinho com notas de cinqueta. Não são mo-e-di-nhas de cinco centavos desgastadas e queimadas, onde nem se vê mais a cara do pobre Tiradentes, não não. São notas de cinquenta!, em grande quantidade e amarradas numa liguinha amarela, simples e frágil como a vida!!! Bem, a história seria mais ou menos assim: Cidadão distraído, andando numa rua pouco movimentada, uma travessa no recife antigo (certamente esse bolinho não seria achado por você numa avenida, e se fosse, então começaríamos uma história que envolve assalto e isso não convém à história...) o sol já quase indo, sombras frescas, um vento ou outro bem fraquinho... de repente... opa! o que é aquilo? Primeira sensação: euforia. Eu não acredi... que... mas... Perfeito, você acabou de encontrar um pequeniníssimo baú do tesouro que salvará durante um tempo suas (f)utilidades, suas contas, enfim... apenas salvará, e é o que importa. Mas aí vem a segunda sensação: conspiração/armadilha. Em questão de segundos você cai na real de que aquilo não está ali por acaso, aquilo certamente é uma armadilha deixada por algum vingador, maníaco, idiota-metido-a-super-herói que luta contra os gananciosos. E pensa, Quando eu pegar esse bolinho uma flecha envenenada vai atravessar minha mão e um louco fantasiado vai descer de um prédio pulando e me ameaçando mortalmente... Dois passos rápidos para trás, rápido! Afaste-se já dessa armadilha! Run, forest, run! ... De súbito você volta à tona, percebe que aquela tolice que acabara de passar pela sua cabeça foi de fato uma tolice mesmo e que aquilo tudo é uma grande ilusão; esta é a terceira sensação, entenda-se: desilusão. É óbvio que aquilo tudo é apenas um monte de santinho de político amarrados numa liga safada que arrebentaria na mão (ou olho, dependendo da sorte) do primeiro que mexesse ali. Ora bolas, não seja tolo, você acha mesmo que um bolinho contendo inúmeras notas de cinquenta iria ficar ali, te esperando, a tarde inteira?! tenha dó! E a partir de então, tem início a quarta sensação: ira. Praguejar contra Deus e todas as criaturas sobre a face da Terra seria pouco, afinal você foi traído, e traição é insuportável. Como podem fazer isso com você?! Essas forças maiores e invisíveis (covardes!) não têm o direito de manipular seus sentimentos dessa forma. Você que tanto sofreu nessa vida, merecia uma vez ao menos uma surpresa boa como essa! Mas, não!, outra vez te enganaram com a mesma história. Sabem que você é esperançoso, que você é capaz de acreditar sempre no bem... bem esse, inclusive, que você iria propagar, porque a essa altura do campeonato você já disse que com metade daquele dinheiro você iria construir um orfanato popular, uma maternidade, uma escola... o escambau! E nesse momento aparece a quinta e última sensação do ciclo: a resignação. Movido por todo esse fervor altruísta de melhorar o mundo, você torna-se a lembrar de quem? de você mesmo, que mereceria uma grande ajuda, mas que essa nunca chega. Então você pára e pensa: é sempre assim comigo, nunca dá certo, é a vida. Diante de um pensamento desse não me admiraria surgir do céu um pombo cagão que lhe acertasse a face (sobretudo se a história de fato se passasse nas travessas do recife antigo!), mas ignorando o pombo, tudo que vemos no final da cena é o olhar distraído continuando a vagar atrás de outros pacotinhos com outras cédulas amarradas em outras liguinhas simples e frágeis como a vida.
sábado, 6 de setembro de 2008
Mais uma primeira vez...
blá!
essa é a minha primeira palavra. resta a dúvida: escreverei a segunda palavra, ou este será mais um dos meus blogs que começaram e até hoje ninguém sabe notícia? veremos...
essa é a minha primeira palavra. resta a dúvida: escreverei a segunda palavra, ou este será mais um dos meus blogs que começaram e até hoje ninguém sabe notícia? veremos...
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